terça-feira, 13 de maio de 2014

Os trovões de São Tomé, Santa Cruz e Serra da Tapuia Foram Destaque na Tribuna do Norte

Do Wodem Madruga, Era tarde de sábado, coisa de três, três e meia, quando o tempo escureceu na direção do poente abrindo-se uma barra bem larga que ia da Serra da Tapuia, mais adiante a Serra do Doutor, subindo pra direita no rumo de São Tomé, cujas terras fazem limites com Cerro Corá, entre as serras de Santana e a do Feiticeiro. Era a visão que eu tinha de onde estava, nas Queimadas, me preparando para ver as cabras na Ubaia. Os trovões começaram a ribombar não muito distante. Veio, então, a pergunta de todos da roda quase ao mesmo tempo: onde será essa chuva? Os palpites, de doutos  conhecedores daquelas distâncias e mestres em pastorar chuvas: Acho que é de São Tomé pra cima, disse Antônio Relâmpago, cuja sabedoria já está cravada no próprio nome. Vai mais para esquerda, pegando a Serra do Doutor e Campo Redondo, beiradas de Santa Cruz, disse outro, argumentando: olhe aqui por cima da Serra da Tapuia. Pedro Malhada, de todos o mais experiente nessas ciências, assegurou: a chuva é perto, está em cima de São Tomé. Aí a gente já tinha chegado na Ubaia, ao pé da Serra do Mel e ao lado da Serra de Joana Gomes, a tarde foi embora mais  cedo engolida de repente pela noite antecipada.  Via-se o sem cessar dos relâmpagos alumiadores. 


A escuridão foi agravada com o desligamento da energia de Paulo Afonso pelos caminhos de Lagoa de Velhos, a cidade que anunciara festa para comemorar, naquela noite, os 52 anos de sua emancipação política. O breu se esparramava por toda a região. Nas bodegas, com as velas acesas, corria a notícia de que um raio teria atingindo uma torre de transmissão da Chesf em  Santa Cruz. A energia elétrica somente seria restabelecida três horas depois com a notícia, pescada pelos celulares, de que a chuva na cidade de São Tomé tinha sido de 150 milímetros e que o Potengi descia com cheia, já chegando à cidade de Barcelona, no caminho da Barragem de Campo Grande, em São Paulo do Potengi. A chuva em Lagoa de Velhos foi rápida e fina,  respingando nas Queimadas



É a segunda cheia do Potengi este ano. Há dois anos que não acontecia. Na manhã de domingo os blogueiros da região mostravam a Barragem Rainel Pereira, na entrada da cidade de São Tomé, sangrando, 90 centímetros de lâmina. Lá embaixo, o pessoal dando os primeiros cangapés. Na passagem por Barcelona, o rio de barreira a barreira, mais festa, mais banho de rio. Silvério Alves registrava no seu blogue que a cheia acabava de chegar  a São Paulo do Potengi.



A Emparn não registrou as chuvas de São Tomé. Os pluviômetros da Emparn não funcionam em São Tomé. Funcionaram os particulares.
Há outros municípios, vários, sofrendo o mesmo descaso. Macaíba, por exemplo, também banhada pelo Potengi/Jundiaí, há cinco, seis anos não sai no boletim da Emparn, não chove em seu boletim. E Macaíba, você não acredita, tem uma escola de agronomia, com cursos de  nível superior. Mas não tem pluviômetro.



Ai, de São Tomé, não fossem os trovões. 

Fonte: Tribuna do Norte

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