sábado, 15 de fevereiro de 2014

CLIMA: ONU destaca onda de calor no Brasil

O calor no Sudeste brasileiro é uma das principais anomalias climáticas do mundo nos últimos meses e bate recordes históricos. A informação é da Organização Meteorológica Mundial (OMM) que ontem divulgou uma mapa dos principais locais que sofrem com “fenômenos climáticos extremos”. O Brasil, neste ano, aparece com destaque no levantamento. “Partes do mundo testemunham uma série de condições climáticas extremas neste ano”, indicou a entidade, o braço climático da ONU. No levantamento, o Brasil é citado como um exemplo de casos onde a temperatura superou médias históricas. “Partes do Brasil experimentaram o mês de janeiro mais quente da história”, indicou o documento. 
Mas o fenômeno não se limita apenas ao Brasil. No Hemisfério Sul, o calor tem sido especialmente forte na Austrália, Argentina e na África do Sul. Segundo a OMM, o calor acima do normal na Argentina começou já em dezembro de 2013 e “vários recordes locais foram estabelecidos”. Quanto à situação na Austrália, a entidade aponta que o país registrou o ano “mais quente de sua história” em 2013.
O calor, porém, continuou em janeiro, principalmente na região da Tasmânia. Melbourne registrou sete de dias de temperaturas médias acima de 40ºC. Adelaide teve onze dias com temperaturas de 42ºC.

No Hemisfério Norte, os eventos extremos também marcaram os últimos meses. A OMM aponta para as “ondas de frio” nos EUA, seca na Califórnia, inundações no Reino Unido e tempestades na Europa. Os Alpes também foram afetados por uma queda de neve maior do que a média.

Já na Rússia, as temperaturas ficam muito acima da média para o inverno, com os termômetros marcando 9°C entre os dias 29 de dezembro e 4 de janeiro, quando deveriam estar em registros negativos. O clima “ameno” ainda causou problemas para a Olimpíada de Inverno em Sochi.

Movimentação
A onda de calor é tanta que em Caxias do Sul, trabalhadores da fábrica de reatores Intral,  paralisaram as atividades na quarta-feira  exigindo que a empresa tome medidas para enfrentar o calor em seu pavilhão industrial. O Sindicato dos Metalúrgicos da região pediu a disponibilização de água gelada e ventiladores e intervalos de dez minutos a cada duas horas, para descanso e hidratação dos cerca de 600 operários. Funcionários da indústria informaram que a diretoria está em viagem e vai se manifestar na volta, nesta sexta-feira.

A mobilização não é a primeira deste verão considerado atípico pelas prolongadas ondas de calor que fizeram a temperatura passar dos 40 graus em vários dias da semana passada em diversas regiões do Estado. Na cidade do Rio Grande, no sul do Estado, oito mil trabalhadores estão parados desde segunda-feira à espera de medidas que amenizem o calor no estaleiro onde estão montando cascos de navios para exploração de petróleo.

Na serra do nordeste, região mais fria do Rio Grande do Sul, a pressão está disseminada pelas três mil indústrias metalúrgicas da região. “Este verão colocou definitivamente na pauta a questão do conforto térmico para trabalhar”, afirma o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos Leandro Velho. Mesmo que venha o refresco previsto pela meteorologia para esta quinta-feira, quando a temperatura tende a cair, a categoria quer discutir soluções definitivas, que prevejam instalações adequadas tanto para o calor do verão quanto para o frio rigoroso do inverno, avisa o sindicalista.

Por enquanto, Velho admite que houve boa vontade das empresas. Grandes companhias, como Marcopolo, Randon, Fras-Le e Guerra, entre diversas outras empresas, concordaram com propostas dos sindicalistas e Ministério do Trabalho e alteraram o esquema de paradas para descanso. Os intervalos de 15 minutos na metade do turno da manhã e na metade do turno da tarde foram substituídos por paradas de dez minutos, a cada duas horas de trabalho. “Isso está dentro das soluções imediatas, às quais se somam pedidos de freezers e ventilação”, comenta Velho. “A longo prazo teremos de prever climatização adequada, inclusive para o inverno, como é tendência mundial”.


Fonte: Agência Estado via Tribuna do Norte

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