A grande maioria dos municípios brasileiros
tem gastos públicos maiores do que o que sua economia gera de imposto
sobre a produção, somando as arrecadações municipais, estaduais e
federais. No total, apenas 417 cidades brasileiras geram mais dinheiro
público do que gastos. Elas são as responsáveis pelo superávit usado nos
outros 4.875 municípios que apresentam gastos maiores que o arrecadado
em impostos.
Os números foram calculados pelo Estadão
Dados com base na pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios
de 2011, divulgado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) no fim de dezembro. Eles mostram um
retrato revelador de como a produção e geração de riqueza é extremamente
concentrada no Brasil: a arrecadação total de impostos sobre a produção
é de R$ 612 bilhões por ano, enquanto os gastos calculados pelo IBGE
chegam a R$ 576 bilhões. No entanto, apenas 7,8% das 5.292 cidades que
constam no levantamento geram mais impostos desse tipo do que gastam.
Todo o resto do Brasil é deficitário.
A concentração é impressionante: apenas a cidade
de São Paulo gerou R$ 62 bilhões a mais do que gastou naquele ano -
quase um décimo de toda a arrecadação com impostos sobre a produção em
2011. Esse impacto é quase compensado pelo gasto com a máquina pública
em Brasília. Como a capital federal concentra boa parte do funcionalismo
federal, os gastos da administração pública lá superam a arrecadação
com impostos em R$ 59 bilhões.
Superávit
Além de São
Paulo e capitais como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Manaus e Porto
Alegre, os municípios que mais concentram atividades geradoras de
receita são cidades portuárias como Santos (SP), Itajaí (SC) e Paranaguá
(PR); polos industriais como São José dos Campos (SP), Betim (MG) e
Camaçari (BA); e locais com forte economia agrícola, como Uberlândia
(MG) e Luís Eduardo Magalhães (BA). Além disso, há cidades de menor
porte onde estão localizados grandes fontes de recolhimento de impostos,
como Confins (MG), sede do aeroporto que serve a capital daquele
Estado.
É possível entender o perfil dos municípios deficitários
quando se analisa os dados por unidade da federação. Com exceção do
Distrito Federal, oito Estados nordestinos estão entre os dez com maior
defasagem entre arrecadação e gastos públicos. Os outros dois são Pará e
Rondônia. "A estrutura econômica de municípios mais pobres do Norte e
do Nordeste é muito dependente de gastos públicos. Por isso, na nossa
metodologia, resolvemos separar essa variável, que na verdade compõe o
PIB dos serviços", explicou a responsável pela pesquisa do IBGE, Sheila
Zani.
Fonte: Agência Estado
Nenhum comentário:
Postar um comentário