domingo, 22 de novembro de 2015

No interior do Rio Grande do Norte, água virou poeira

Na casa de Vera Lúcia de Araújo, 48 anos, a poeira assentou sobre a torneira, a pia e a máquina de lavar roupa há mais de 60 dias. Após a seca rachar o chão dos açudes Dourado e Marechal Dutra (Gargalheiras), colapsando o sistema de abastecimento de Currais Novos, município do Seridó Potiguar, o único meio de acesso à agua no bairro Paizinho Jesus é por meio do poço instalado pela prefeitura, que garante água pela manhã, a partir das 7h. Com carrinhos de mão, baldes e garrafões, os moradores fazem fila desde às 6h.
A seca que castiga o Rio Grande do Norte há quatro anos dizimou as reservas do estado potiguar. Atualmente, o estado detém apenas 21% da capacidade hídrica. Entre as regiões mais castigadas estão o Seridó e o Alto Oeste, onde a seca esvaziou os maiores reservatórios: Marechal Dutra (o Gargalheiras) e Pau dos Ferros. Até agora, 13 municípios do estado estão em colapso no abastecimento, e outros 73 enfrentam algum tipo de racionamento de água.

Em todo o Seridó, 265.579 pessoas estão com dificuldades no acesso à água. Destas, 81.290 já não têm acesso à água encanada, uma vez que os sistemas de abastecimento das cidades de Acari, Currais Novos, Carnaúba dos Dantas, Jardim de Piranhas e Timbaúba dos Batistas colapsaram. A situação se agravou ainda mais com a suspensão da captação de água pela adutora Manoel Torres, em Jardim de Piranhas, pois o leito do rio secou. Com a diminuição do nível do sistema Curemas-Mãe D’água, na Paraíba, a perenização do rio foi afetada; além disso, o assoreamento da calha e a captação irregular impossibilitam a entrada do rio no estado potiguar. 

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