domingo, 8 de setembro de 2013

Serra da Tapuia e Sítio Novo/RN: Professor Zezinho é destaque na Revista Preá Fonte de Cultura

O professor que ama o cordel Isso vai acontecer com gente que aprende a ler. Lendo poema ou história, cria asas na memória e começa num segundo a voar por todo o mundo. E quanto mais leitura boa, mais a gente lê e voa pelo mundo sem fronteiras; lendo, lendo a vida inteira, numa contínua aventura pelas asas da leitura. 

José Poti 

O professor José Ferreira da Silva, 62 anos, mais conhecido como José Poti ou Zezinho, conta em versos seu amor pela literatura. Humilde, tem o cuidado de dizer a todo momento que não é poeta. A paixão pelos livros vem desde a infância e, aos 36 anos, realizou o sonho de ensinar português e inglês. 

José Poti cresceu lendo os folhetos de cordel do pai Cícero Ferreira do Nascimento e observando a mãe, Maria das Dores da Silva, tocar rabeca, gaita e fole de oito baixos. Naquele tempo, era difícil ter acesso a livros, jornais e revistas. O professor não esquece o dia em que viu pela primeira vez um exemplar da antiga revista “O Cruzeiro”. 

“Meu pai trabalhava na Fazenda Monte Alegre de Manoel Carneiro da Rocha, e lá vi a revista. A partir daí, fui lendo mais e mais”, conta. As dificuldades financeiras impediram José Poti de dedicar mais tempo aos estudos. Aos 22 anos, decidiu ir em busca de emprego em São Paulo, seguindo o mesmo caminho de muitos outros conterrâneos. Inicialmente, trabalhava em feiras livres vendendo frutas, mas logo apareceu uma oportunidade de trabalho com carteira assinada.
 
 “Passei nove anos trabalhando como operador de máquinas na fábrica de brinquedos Estrela. Quem é acostumado com a liberdade do campo estranha mais”, salienta. A experiência foi boa, mas José Poti decidiu retornar a Sítio Novo e teve que enfrentar novamente o trabalho no campo. “A melhor terra do mundo ainda é a nossa. O nordestino que sai daqui e diz que não gosta de sua terra está mentindo. Ainda peguei um restinho dos anos do algodão, até o Bicudo acabar com tudo”.

A paixão pela leitura já acompanhava o professor desde a infância. O fim do cultivo do algodão serviu para José Poti despertar seu gosto pela literatura. Autodidata, sempre gostou de estudar inglês através de livros didáticos. Já de volta a terra natal, conseguiu alguns livros publicados pela Universidade de Cambridge e começou a estudar diariamente. 

O empenho surtiu efeito e José Poti foi convidado a ensinar português e inglês no município. Desde então, corre em busca de um novo sonho. “Quero passar a limpo meus escritos e publicar um livro, nem que seja mimeografado”. O livro já tem título, “Infância Grande”, uma série de histórias reais de um sítio-novense com muita força de vontade. 

Fonte: Revista Preá Fonte de Cultura Via Um Olhar Sobre a Serra da Tapuia.

Nenhum comentário:

Chuvas no primeiro trimestre de 2023