Somente em agosto, foram notificados 11 feminicídios, crime que cresce em proporção alarmante no Estado; muitos casos envolvem relacionamentos abusivos com parceiros ciumentos.
Pa, pa, pa, pa". O som dos tiros que mataram a diarista Mykaella Ruanna Fagundes, 21, no Rio Grande do Norte, é repetido pelo filho dela - órfão aos três anos. "Ele estava na hora que aconteceu (o crime)", diz uma parente da vítima à BBC Brasil. "E sabe que a mãe não volta".
Assim como Mykaella, outras vítimas, como Ana D'Ávila, 47, Roberta, 35, Josefa, 41, Franciscris, 24, Naiara, 18, Diana, 21, Edinete, 37, Emilia, 28, Socorro, 37 e Elidiane, 25, também não voltam. As 11 foram assassinadas em agosto.
Além de terem ocorrido no mesmo mês, os casos chamam atenção por uma característica comum: todos possuem marcas de "feminicídio" - assassinatos com características de crime passional, violência doméstica ou de gênero e que dispararam no Rio Grande do Norte neste ano.
De janeiro a agosto, dos 67 homicídios de mulheres no Estado, 38,8% foram enquadrados nessa categoria - com suspeita de participação de companheiros ou ex-companheiros.
Segundo dados do Observatório da Violência Letal Intencional (Obvio), grupo de Pesquisa da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), a proporção foi quase duas vezes maior do que em igual período de 2014 e 2015.
'Não podemos deixar passar'
Não é de hoje, porém, que as estatísticas de morte avançam.
Do G1/RN
O Rio Grande do Norte ostentava, em 2004, a menor taxa de homicídios por 100 mil mulheres no Brasil (1,4%). O indicador, no entanto, mais que quadruplicou em 10 anos, chegando a 6% em 2014 - a 11ª posição no país.
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