O PSD de Gilberto Kassab vislumbra na candidatura de Robinson Faria no Rio Grande do Norte sua chance de fincar os pés em um colégio eleitoral de tradição oligárquica no Nordeste. Com a vitória de apenas um governador no primeiro turno – Raimundo Colombo, que conseguiu se reeleger em Santa Catarina -o partido conseguiu desbancar o ex-favorito presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), e é o favorito, segundo as pesquisas, para vencer a corrida pela governo potiguar.
A campanha do PSD no Estado teve como principal estratégia popularizar o partido criado pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a partir de uma roupagem social dada pelo PT. Nesse sentido, o papel de Fátima Bezerra, sindicalista ligada à educação, foi essencial. Eleita senadora com 808 mil votos, mais do que os dois candidatos a governador _Alves teve 702 mil e Robinson, 624 mil_ seu resultado nas urnas se deveu à associação que fez do seu mandato como deputada federal à ampliação do ensino profissionalizante no Estado, com a construção de 21 unidades de escolas técnicas – até 2005, só existiam duas no Rio Grande do Norte.
Fátima assumiu a coordenação da campanha de Faria no segundo turno e teve papel essencial para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravasse um vídeo de oito minutos de apoio ao candidato do PSD. A participação de Lula como principal cabo eleitoral na campanha de Faria irritou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e a cúpula do PMDB.
Fátima ainda aparece todos os dias nos programas afirmando que seus eleitores têm a “missão” de multiplicar os votos de Faria. “Conseguimos associar à campanha o sentimento popular que clama por renovação”, disse Fátima. O candidato Faria também fala em “politica nova” contra “política velha”, embora tenha cumprido seis mandatos como deputado estadual e seja atualmente vice-governador. Ele passou pelo PFL, PMDB, PMN, antes do PSD.
“Fátima foi responsável por levar Robinson, até então um político sem tradição política em eleições majoritárias, ao segundo turno”, acredita o cientista político da UFRN, José Antonio Spinelli. Para ele, a “aliança estratégica” de Alves, com 17 partidos, falhou ao deixar de lado o PT no nível estadual – em vez de reeditar a parceria nacional – para acomodar adversários históricos, como o PSDB e o DEM.
O deputado Fábio Faria (PSD), filho do candidato ao governo do Estado, reeleito no dia 5 de outubro, concorda que a presença de Fátima foi “fundamental” para que o pai chegasse ao segundo turno. “Com ela na chapa, conseguimos adesão das pessoas que são contrárias ao continuísmo que Henrique representa no Estado”, disse. “Vamos mostrar ao Brasil que não basta ser presidente da Câmara e fazer acordos com os líderes políticos para ter sucesso nas urnas”, completou.
Na sua primeira eleição geral, o PSD, com apenas três anos, elegeu 37 deputados federais em 17 Estados, consolidando-se como a quarta maior legenda. Amazonas foi onde o partido teve o melhor desempenho em relação às demais legendas. No Estado, o PSD amazonense elegeu dois representantes para a Câmara, além do ex-governador Omar Aziz para o Senado. O segundo melhor desempenho foi em Santa Catarina, onde Colombo foi reeleito e três deputados vão estar no Congresso. Na Bahia, o PSD contará com 4 deputados, além do senador eleito Otto Alencar.
No segundo turno, além do Rio Grande do Norte, o partido estará presente em duas candidaturas favoritas: no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul, com os candidatos a vice-governador Renato Santana – da chapa de Rodrigo Rollemberg (PSB) – e José Paulo Cairolli – de José Ivo Sartori (PMDB). Caso Rollemberg seja eleito governador do DF, o PSD ainda terá mais uma vaga no Senado, pois Hélio da Silva Lima, o Hélio “Gambiarra” assumirá.
Fonte: Estadão Conteudo
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