A Fifa divulgou nesta semana um documento no qual rebate críticas feitas à Copa do Mundo de 2014, que começou na quinta-feira (12). No texto, a entidade máxima do futebol nega que tenha pedido isenção de impostos para patrocinadores e fornecedores.
"A Fifa não faz nenhuma exigência de isenção geral de impostos para patrocinadores e fornecedores, nem para nenhuma atividade comercial no país-sede", afirma o documento.
Além disso, a entidade rebateu as críticas de que não teria gastado nada para a realização do Mundial no Brasil. "A Fifa cobriu todos os custos operacionais da Copa do Mundo no valor de cerca de US$ 2 bilhões. Não aceitamos nenhum dinheiro público para isto", diz o documento.
A Fifa nega ainda que tenha mandado o país construir 12 estádios novos. "A Fifa não exige que um país tenha de construir 12 estádios nem diz como eles devem ser projetados (...) cada país-sede tem de decidir se quer usar oito, dez ou 12 estádios. O Brasil optou por 12."
Leia o documento completo abaixo:
Até agora, a Copa do Mundo no Brasil custou US$ 15 bilhões. Os contribuintes bancaram a conta e a Fifa não gastou nada.
A Fifa cobriu todos os custos operacionais da Copa do Mundo no valor de cerca de US$ 2 bilhões. Não aceitamos nenhum dinheiro público para isto; ao contrário: somente usamos o dinheiro gerado pela venda dos direitos de TV e marketing da Copa do Mundo. Em relação aos investimentos do país-sede, as cifras citadas frequentemente incluem investimentos em infraestrutura que não estão diretamente vinculados ao custo da Copa do Mundo, enquanto algumas das obras não foram feitas para a Copa do Mundo. O país se beneficiará por muitos anos no futuro com os investimentos na malha viária, nos aeroportos ou nos sistemas de telecomunicações e, como tal, eles não representam custos unicamente relacionados com a Copa do Mundo.
O dinheiro que foi investido em estádios agora falta no orçamento de educação e saúde.
Em discurso duas semanas antes da Copa do Mundo, a presidenta Rousseff enfatizou que o orçamento federal para a educação e a saúde não ser á afetado pelo empréstimo do BNDES aos estádios (apenas 0,16% do PIB brasileiro).
A Fifa mandou o Brasil construir 12 estádios caros.
A Fifa não exige que um país tenha de construir 12 estádios nem diz como eles devem ser projetados. Existem algumas diretrizes básicas a seguir para que os estádios atendam os requisitos e as expectativas das seleções, dos responsáveis pela segurança e da imprensa, mas antes de tudo, cada país-sede tem de decidir se quer usar oito, dez ou 12 estádios. O Brasil optou por 12. Cada país-sede também tem de projetar seus estádios de modo a permitir que sejam usados de maneira sustentável em longo prazo. Só então são feitas considerações sobre quaisquer modificações que possam ser necessárias para a Copa do Mundo, e ambas as partes trabalham juntas para encontrar a melhor solução possível.
Os ingressos são tão caros que a maioria dos brasileiros não pode pagá-los.
Em comparação com outros grandes eventos (os Jogos Olímpicos, a Fórmula 1, torneios de tênis, shows de música pop etc.), há muitos ingressos baratos disponíveis para a Copa do Mundo. Para os jogos da fase de grupos, por exemplo, havia ingressos à disposição dos brasileiros por apenas US$ 15. A Fifa também entregou gratuitamente 100 mil ingressos aos trabalhadores das obras de construção dos estádios, assim como a pessoas socialmente desfavorecidas. Dos 11 milhões de pedidos de ingressos, cerca de 70% foram feitos por brasileiros, e 58% dos 2,7 milhões de ingressos comprados até agora também foram adquiridos por brasileiros.
A Fifa exige isenção total de impostos para seus patrocinadores, o que significa que o país-sede não ganha nenhum dinheiro.
A Fifa não faz nenhuma exigência de isenção geral de impostos para patrocinadores e fornecedores, nem para nenhuma atividade comercial no país-sede. Ao contrário: a Fifa só requer a atenuação dos procedimentos de aduana para alguns dos materiais que precisam ser importados para a organização da Copa do Mundo e que não estão à venda no país-sede (por exemplo, a importação de computadores a serem usados pela Fifa ou o COL; de placas eletrônicas de publicidade – e sua subsequente exportação –; e das bolas de futebol a serem usadas durante a Copa do Mundo), e que ou serão usados durante o evento e, a seguir, reexportados, ou doados a uma instituição vinculada ao esporte no país-sede. Todas essas isenções se comparam em abrangência com aquelas requeridas pelos organizadores de outros eventos esportivos ou culturais.
Dos US$ 2 bilhões que a Fifa está gastando com a Copa do Mundo, cerca de US$ 1 bilhão foi gasto em serviços no Brasil – em outras palavras, dinheiro que é diretamente injetado na economia brasileira. Embora a Fifa seja muito cautelosa com prognósticos econômicos, a FIPE espera que a Copa do Mundo gere uma receita extra de cerca de US$ 27,7 bilhões para a economia brasileira.
A Fifa só quer ter lucro e não se importa com mais nada.
A Fifa é uma associação de associações sem fins comerciais nem lucrativos que usa recursos significativos para cumprir seus objetivos estatutários, que incluem desenvolver o jogo de futebol em todo o mundo, organizar suas próprias competições internacionais e elaborar normativas para o futebol association, ao mesmo tempo em que garante o cumprimento das mesmas. Assim, a pergunta é: o que a Fifa faz com os lucros com a Copa do Mundo?
Em resumo, todas 209 federações-membro se beneficiarão em igual medida. Na realidade, a Fifa gasta US$ 550 mil no desenvolvimento do futebol em todo o mundo – a cada dia. E mais: também gastamos quase US$ 2 milhões na organização de competições internacionais – a cada dia.
O país-sede fica sozinho para lidar com seus problemas sociais, econômicos e ecológicos.
A Fifa tem plena consciência de – e aceita plenamente – sua responsabilidade como parte da Copa do Mundo. Em 2006, a Copa do Mundo na Alemanha foi a primeira a ter
um programa ambientalista abrangente. Depois, em 2010, a FIFA lançou a Win in Africa with Africa ("Ganhe na África com a África"), uma iniciativa para criar infraestrutura sustentável para o futebol por toda a África ao custo de US$ 70 milhões. Além disso, foram investidos US$ 12 milhões em uma série de projetos sociais, e o Consórcio para o Legado da Copa do Mundo da Fifa 2010 foi fundado após a Copa do Mundo, com mais US$ 100 milhões para promover o desenvolvimento social na África do Sul muito depois da Copa do Mundo e apoiar iniciativas que usam o futebol para impulsionar o desenvolvimento social. É justo dizer que a África do Sul ainda se beneficia de ter organizado a Copa do Mundo em 2010.
Quanto à Copa do Mundo de 2014 no Brasil, a Fifa divulgou uma estratégia completa
de sustentabilidade há quase dois anos, voltada a estádios ecologicamente corretos, à gestão dos resíduos, ao apoio à comunidade, à redução e à compensação das emissões de CO2, à energia renovável, à mudança climática e à transferência de conhecimento. A estratégia da Fifa se baseia em padrões internacionais como o ISO 26000 e a Global Reporting Initiative (GRI), assim como na política de desenvolvimento do governo brasileiro. Mais uma vez, a Fifa está apoiando uma ampla gama de projetos sociais, lançou uma iniciativa de saúde de âmbito nacional e está organizado uma "Copa do Mundo Social", da qual participarão 32 organizações sociais, disputando sua própria Copa do Mundo.
Medidas adicionais serão adotadas nas áreas da saúde, da infraestrutura e do futebol feminino, como parte do Consórcio para o Legado da Copa do Mundo da Fifa 2014.
A Fifa acredita que sua responsabilidade social é um elemento crucial do sucesso sustentado de seus eventos, mas a Copa do Mundo só pode ser usada como uma ferramenta ou um catalisador de mudanças em um país se todos os envolvidos forem na mesma direção, como parte de uma estratégia global.
A Fifa é responsável por desalojamentos forçados no Brasil.
A Fifa se opõe a qualquer desalojamento forçado no Brasil, já que não acredita que eles sejam necessários para a organização bem-sucedida da Copa do Mundo e, além disso, entende que tais atividades vão contra seu espírito, seus valores e sua missão. A Fifa foi informada por escrito pelo Governo Federal e as cidades-sede de que ninguém teve de ser desalojado ou se mudar para a construção ou a reforma de nenhum dos 12 estádios. A Fifa nunca exigiu tais desalojamentos.
A Fifa expulsa os vendedores ambulantes para garantir a exclusividade dos patrocinadores.
Pelo contrário, a Fifa trabalha muito para garantir que os vendedores ambulantes façam parte da Copa do Mundo. Nas imediações dos estádios, porém, a preocupação com a segurança resulta em que exista uma área em que somente pessoas com ingressos ou credenciais podem entrar. Portanto, utilizando a experiência obtida na Copa do Mundo na África do Sul, a Fifa esteve em contato desde o início com as autoridades locais e com as cidades-sede da Copa do Mundo (que, em última análise, são as responsáveis pelas atividades dos vendedores) para pôr em funcionamento programas especiais para os vendedores.
Na maioria das cidades-sede, os vendedores ambulantes que já trabalhavam ao redor dos estádios foram registrados e, portanto, poderão trabalhar perto dos mesmos e das Fifa Fan Fests durante a Copa do Mundo. Os vendedores também receberam um treinamento especial, um uniforme e uma credencial que lhes permite vender produtos autorizados. Para dar um exemplo, São Paulo, a cidade-sede do jogo de abertura, tem atualmente um total de 600 vendedores ambulantes registrados para trabalhar nas vizinhanças da FIfa Fan Fest™ e da Arena de São Paulo. Este é um procedimento-padrão necessário para grandes eventos, principalmente pelo bem da segurança. Um processo de credenciamento semelhante foi realizado nos Jogos Olímpicos de Londres e Vancouver, por exemplo. Isso também ajudará a garantir que produtos falsificados não sejam vendidos, infringindo tanto a lei brasileira quanto a internacional.
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