A Fifa está de olho na seleção de Camarões. A equipe africana está sendo observada pelo comitê de manipulação de jogos da entidade, chefiada por Ralf Mutschke.
“Na verdade o time todo jogou mal contra o México”, despistou, negando que o jogo entre Brasil x Camarões, na segunda-feira, vai ter uma atenção especial da entidade. Além disso, há suspeitas de que um assistente colombiano, Humberto Clavijo, que foi afastado após o jogo entre a equipe africana e o México, na estreia de ambos na Copa do Mundo, possa estar envolvido em algum tipo de irregularidade.
“Não vou dizer nada até termos prova. No caso em curso pode ser caso disciplinar. Está sendo analisado e nenhuma providência foi tomada”, afirma Mutschke em entrevista nesta sexta (20) no Estádio do Maracanã. “Mas até o momento não há nenhum jogo sob suspeita efetiva.”
As suspeitas contra os camaroneses foram levantadas depois do time ter se recusado a viajar ao Brasil antes que se resolvesse a questão da premiação da equipe na Copa do Mundo. Após a atuação do time contra o México, a anulação de dois gols legítimos ao time mexicano durante a partida e a seguinte atuação contra a Croácia, onde o time foi goleado por 4 a 0, um jogador foi expulso ainda no primeiro tempo e dois jogadores trocaram cabeçadas em determinado momento do jogo.
“Estamos cientes que a remuneração de jogadores é sempre um tema importante, e olhando para o Leste Europeu, vemos que os jogadores podem estar mais sujeitos à manipulação de jogos. Os jogadores não são apenas atores, mas vitimas”, disse. Clavijo foi afastado do próximo jogo em que atua o trio colombiano comandado por Wilmar Roldán, e em seu lugar entrou um assistente equatoriano.
Apesar de afirmar que o futebol mundial está sob ataque dos que tentam manipular resultados, Mutschke confirmou que cerca de 89 jogos amistosos internacionais foram monitorados desde o dia 15 de maio até agora e nada de suspeito foi detectado.
“Claro que, internamente, sempre estamos em discussão se há algo suspeito. A equipe liderada por Mutschke monitora principalmente sites de apostas pela internet, algo cresceu assustadoramente nos últimos anos, com empresas chegando a patrocinar clubes como o Real Madrid, por exemplo. Não há restrição a esse tipo de patrocínio, desde que seja feito tudo de forma legal. Temos a colaboração de cerca de 400 dessas empresas que nos ajudam a monitorar possíveis apostas interessadas em alguma coisa”, comentou.
Gol contra na estreia
E como a Fifa começa a se preocupar com um jogo, por exemplo? Um gol contra na abertura de uma Copa do Mundo, como aconteceu com Brasil e Croácia, pode ser um indício? Ralf garante que não. O que a Fifa busca são manipulações de resultados finais, de número de gols.
“Que as apostas aumentem porque o Brasil joga em casa e é favorito é normal. O Brasil é sempre favorito. Quando digo que não encontramos indícios, não significa que não pode haver situações que pareçam estranhas, e aí vamos olhar de perto. Existem coisas que não podem ser explicadas facilmente e muitas vezes não são colocadas no mercado de aposta”, lembrou. A entidade disponibiliza uma espécie de disque-denúncia para árbitros, jogadores e torcedores.
Para tentar minimizar o problema a Fifa firmou um acordo de cooperação de 10 anos com a Interpol para dar seminários e cursos a associações nacionais, árbitros e participantes de seus eventos, como a da Copa do Mundo do Brasil. Árbitros e jogadores são checados e caso haja alguma mancha em suas fichas são observados com mais atenção e muitas vezes, no caso dos árbitros, podem ser até excluídos de competições.
Ralf Mutschke lembrou que, em 2010, na África do Sul, foram detectados casos de manipulação de resultantes e recentemente o Líbano esteve envolvido em um caso suspeito. “É necessário proteger o jogo e a credibilidade do torneio. O futebol está sob ataque em nível mundial e a Fifa adotou a tolerância zero com manipulação de resultados e a corrupção.”, concluiu.
Fonte: Terra
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