Do Wodem Madruga, Era tarde de sábado, coisa de três, três e
meia, quando o tempo escureceu na direção do poente abrindo-se uma barra bem
larga que ia da Serra da Tapuia, mais adiante a Serra do Doutor, subindo pra
direita no rumo de São Tomé, cujas terras fazem limites com Cerro Corá, entre
as serras de Santana e a do Feiticeiro. Era a visão que eu tinha de onde
estava, nas Queimadas, me preparando para ver as cabras na Ubaia. Os trovões
começaram a ribombar não muito distante. Veio, então, a pergunta de todos da
roda quase ao mesmo tempo: onde será essa chuva? Os palpites, de doutos
conhecedores daquelas distâncias e mestres em pastorar chuvas: Acho que é de
São Tomé pra cima, disse Antônio Relâmpago, cuja sabedoria já está cravada no
próprio nome. Vai mais para esquerda, pegando a Serra do Doutor e Campo
Redondo, beiradas de Santa Cruz, disse outro, argumentando: olhe aqui por cima
da Serra da Tapuia. Pedro Malhada, de todos o mais experiente nessas ciências,
assegurou: a chuva é perto, está em cima de São Tomé. Aí a gente já tinha
chegado na Ubaia, ao pé da Serra do Mel e ao lado da Serra de Joana Gomes, a
tarde foi embora mais cedo engolida de repente pela noite
antecipada. Via-se o sem cessar dos relâmpagos alumiadores.
A escuridão foi agravada com o
desligamento da energia de Paulo Afonso pelos caminhos de Lagoa de Velhos, a
cidade que anunciara festa para comemorar, naquela noite, os 52 anos de sua
emancipação política. O breu se esparramava por toda a região. Nas bodegas, com
as velas acesas, corria a notícia de que um raio teria atingindo uma torre de
transmissão da Chesf em Santa Cruz. A energia elétrica somente seria
restabelecida três horas depois com a notícia, pescada pelos celulares, de que
a chuva na cidade de São Tomé tinha sido de 150 milímetros e que o Potengi
descia com cheia, já chegando à cidade de Barcelona, no caminho da Barragem de
Campo Grande, em São Paulo do Potengi. A chuva em Lagoa de Velhos foi rápida e
fina, respingando nas Queimadas
É a segunda cheia do Potengi
este ano. Há dois anos que não acontecia. Na manhã de domingo os blogueiros da
região mostravam a Barragem Rainel Pereira, na entrada da cidade de São Tomé,
sangrando, 90 centímetros de lâmina. Lá embaixo, o pessoal dando os primeiros cangapés.
Na passagem por Barcelona, o rio de barreira a barreira, mais festa, mais banho
de rio. Silvério Alves registrava no seu blogue que a cheia acabava de
chegar a São Paulo do Potengi.
A Emparn não registrou as
chuvas de São Tomé. Os pluviômetros da Emparn não funcionam em São Tomé.
Funcionaram os particulares.
Há outros municípios, vários, sofrendo o mesmo descaso. Macaíba, por exemplo, também banhada pelo Potengi/Jundiaí, há cinco, seis anos não sai no boletim da Emparn, não chove em seu boletim. E Macaíba, você não acredita, tem uma escola de agronomia, com cursos de nível superior. Mas não tem pluviômetro.
Há outros municípios, vários, sofrendo o mesmo descaso. Macaíba, por exemplo, também banhada pelo Potengi/Jundiaí, há cinco, seis anos não sai no boletim da Emparn, não chove em seu boletim. E Macaíba, você não acredita, tem uma escola de agronomia, com cursos de nível superior. Mas não tem pluviômetro.
Ai, de São Tomé, não fossem os
trovões.
Fonte: Tribuna do Norte
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