quarta-feira, 16 de abril de 2014

A ORIGEM DA QUARTA-FEIRA DE TREVAS

Hoje, quarta-feira Santa encerra-se o período da Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas, o dia seguinte à Terça-Feira de Carnaval, com a imposição das cinzas na testa dos fiéis, lembrando-os que são pó e ao pó irão voltar.


Neste dia, assim como na próxima quinta e sexta-feira celebram-se os Ofícios chamados de Trevas (os Tenebrae) uma tradição medieval, para lembrar os fiéis que a escuridão vai descer sobre a Terra com a morte de Jesus. São salmos cantados no género de cantos gregorianos, de preferência “As lamentações do profeta Jeremias sobre Jerusalém”, efetuados à noite na igreja, onde um candelabro triangular com 15 velas acesas lembrando os 150 salmos da Bíblia, também chamado de Galo de Trevas é colocado. Por cada um deles que se canta, apaga-se uma vela do candelabro e do altar, fazendo também soar as matracas (instrumentos de madeira que produzem um som seco, lúgubre), para lembrar que Jesus caminha para a morte. Quando a última vela é apagada, a igreja fica às escuras e o som seco das matracas anuncia o efémero triunfo das Trevas sobre a Luz, desmentido a seguir pelo ténue brilho de uma vela acesa por trás do altar indicando que através da sua Ressurreição, Cristo triunfa sobre a Morte, derrotando essas mesmas Trevas.
Na missa deste dia lê-se a Paixão segundo S. Lucas e em algumas localidades faz-se a procissão do encontro de Nossa Senhora das Dores com o Senhor dos Passos.
Não nos podemos esquecer do sofrimento da Mãe de Jesus, conhecida nestas celebrações como Nossa Senhora das Dores ou Mater Dolorosa, e que esta pequena estatueta em marfim, um trabalho indo-português do sec. XVII tão bem sabe retratar em todo o seu desalento! A quando da apresentação de Jesus no Templo, o velho Simeão depois de tomar o Menino nos braços profetizou-lhe: “E uma espada trespassará o teu coração”, Lc 2, 35. Os braços caídos da Senhora com as mãos voltadas para fora exprimem a aceitação de todo o sofrimento que Lhe estaria reservado para redenção da Humanidade…
E que maior dor poderá haver para qualquer mãe do que ver morrer o seu filho?

Fonte: O Baú da História

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