Hoje, quarta-feira Santa encerra-se o período da Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas, o dia seguinte à Terça-Feira de Carnaval, com a imposição das cinzas na testa dos fiéis, lembrando-os que são pó e ao pó irão voltar.
Neste dia, assim
como na próxima quinta e sexta-feira celebram-se os Ofícios chamados de Trevas
(os Tenebrae) uma tradição medieval, para lembrar os fiéis que a escuridão vai
descer sobre a Terra com a morte de Jesus. São salmos cantados no género de cantos
gregorianos, de preferência “As lamentações do profeta Jeremias sobre
Jerusalém”, efetuados à noite na igreja, onde um candelabro triangular com 15
velas acesas lembrando os 150 salmos da Bíblia, também chamado de Galo de
Trevas é colocado. Por cada um deles que se canta, apaga-se uma vela do
candelabro e do altar, fazendo também soar as matracas (instrumentos de madeira
que produzem um som seco, lúgubre), para lembrar que Jesus caminha para a
morte. Quando a última vela é apagada, a igreja fica às escuras e o som seco
das matracas anuncia o efémero triunfo das Trevas sobre a Luz, desmentido a
seguir pelo ténue brilho de uma vela acesa por trás do altar indicando que
através da sua Ressurreição, Cristo triunfa sobre a Morte, derrotando essas
mesmas Trevas.
Na missa deste dia
lê-se a Paixão segundo S. Lucas e em algumas localidades faz-se a procissão do
encontro de Nossa Senhora das Dores com o Senhor dos Passos.
Não nos podemos
esquecer do sofrimento da Mãe de Jesus, conhecida nestas celebrações como Nossa
Senhora das Dores ou Mater Dolorosa, e que esta pequena estatueta em marfim, um
trabalho indo-português do sec. XVII tão bem sabe retratar em todo o seu
desalento! A quando da apresentação de Jesus no Templo, o velho Simeão depois
de tomar o Menino nos braços profetizou-lhe: “E uma espada trespassará o teu
coração”, Lc 2, 35. Os braços caídos da Senhora com as mãos voltadas para fora
exprimem a aceitação de todo o sofrimento que Lhe estaria reservado para
redenção da Humanidade…
E que maior dor
poderá haver para qualquer mãe do que ver morrer o seu filho?
Fonte: O Baú da História
Fonte: O Baú da História
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