Os astrônomos esperam ansiosos pelo acontecimento
celeste do ano: nesta quinta-feira, às 16h40 (horário de Brasília), o
cometa Ison atinge o periélio, o ponto de sua trajetória mais próximo do
Sol, a apenas 1,2 milhão de quilômetros. Essa distância é 125 vezes
menor do que a entre a Terra e o astro.
O cometa terá que resistir a uma temperatura de quase 3
mil graus centígrados. Embora ele se desloque a uma velocidade de mais
de 1 milhão de quilômetros por hora, no espaço reina o vácuo, portanto
não haverá nenhum vento para refrescá-lo.
Nas horas antes e depois dessa passagem próxima, o Ison
reluzirá tão forte que, mesmo no azul do céu diurno, ele poderá ser
visto bem ao lado do Sol. Seja como for, alguns satélites que monitoram
as imediações do centro do sistema solar estão de olho no Ison.
Segundo uma antiga norma entre astrônomos, os novos
cometas recebem o nome de seus descobridores. Assim, "Ison" é acrônimo
de International Scientific Optical Network, a rede internacional de
telescópios a partir de cuja estação em Kislovodsk, Rússia, ele foi
avistado, em setembro de 2012.
Mensageiro da geladeira cósmica
O Ison tem um diâmetro de cinco quilômetros, sendo composto principalmente de gelo, gases congelados e poeira. Por isso, os astrônomos costumam apelidar os cometas de "bolas de neve suja". Eles são os resquícios do processo de nascimento do sistema solar, há mais de 4 bilhões de anos – ou seja, as migalhas que sobraram quando o Sol, a Terra e os outros planetas se formaram.
O Ison tem um diâmetro de cinco quilômetros, sendo composto principalmente de gelo, gases congelados e poeira. Por isso, os astrônomos costumam apelidar os cometas de "bolas de neve suja". Eles são os resquícios do processo de nascimento do sistema solar, há mais de 4 bilhões de anos – ou seja, as migalhas que sobraram quando o Sol, a Terra e os outros planetas se formaram.
Muito além da órbita do planeta mais extremo, Netuno,
incontáveis desses blocos de gelo vagam em torno do Sol. Nessas regiões,
o Sol não passa de um ponto claro como a lua cheia, e a temperatura é
inferior a 200 graus negativos. De vez em quando, um cometa se extravia,
penetrando no sistema solar interno (anterior ao cinturão de
asteroides).
O Ison vai passar próximo ao Sol pela primeira vez nesta
semana, e os cientistas estão entusiasmados pela possibilidade de
observar material totalmente não contaminado, da época da formação do
sistema solar.
Comportamento imprevisível
O calor do Sol vai praticamente "fritar" o cometa, causando a evaporação de muito gelo, que, por sua vez, arrastará grande quantidade de poeira. Gás e poeira formam a cauda do cometa, que se estende por milhões de quilômetros no cosmos.
O calor do Sol vai praticamente "fritar" o cometa, causando a evaporação de muito gelo, que, por sua vez, arrastará grande quantidade de poeira. Gás e poeira formam a cauda do cometa, que se estende por milhões de quilômetros no cosmos.
Em meados de novembro, o Ison ficou subitamente mais
claro. Provavelmente alguns fragmentos do seu núcleo se soltaram,
liberando, assim, mais gás e poeira. O cientista Hermann Böhnhardt, do
Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar, em Katlenburg, na
Baixa Saxônia, observou detalhadamente o Ison com um telescópio do
Observatório Wendelstein, da Universidade de Munique. Ele descobriu duas
estruturas em forma de asas na parte gasosa do cometa.
"Essas estruturas aparecem, tipicamente, depois que
fragmentos isolados se desprendem do núcleo", relata. Mas, para os
astrônomos amadores temerosos que o Ison se desintegrasse antes do
grande espetáculo, Böhnhardt tem uma notícia tranquilizadora: "Nossos
cálculos indicam que apenas um pedaço se desprendeu ou, no máximo, uns
poucos destroços."
Precauções ao observar o cometa
No entanto, é muito difícil prever o comportamento exato dos cometas. Os pesquisadores acreditam que o Ison decerto perderá muito material ao passar próximo ao Sol, mas não vai se desintegrar. Afinal, outros cometas já passaram extremamente perto dele. Em março de 1843, o famoso Grande Cometa, que pôde ser visto à luz do dia, esteve a apenas 140 mil quilômetros do astro.
No entanto, é muito difícil prever o comportamento exato dos cometas. Os pesquisadores acreditam que o Ison decerto perderá muito material ao passar próximo ao Sol, mas não vai se desintegrar. Afinal, outros cometas já passaram extremamente perto dele. Em março de 1843, o famoso Grande Cometa, que pôde ser visto à luz do dia, esteve a apenas 140 mil quilômetros do astro.
Quem observar o Ison no dia 28 de novembro deve tomar
algumas precauções. O uso de binóculos é totalmente vedado, já que
apenas uma rápida olhada em direção ao Sol pode causar cegueira total. A
maneira mais segura de observá-lo é a olho nu, e ajuda cobrir o Sol com
um pedaço de papelão ou algo semelhante, mantendo o braço esticado. O
cometa só será visível se o céu estiver perfeitamente azul, sem
nebulosidade.
Caso o Ison sobreviva ao calor solar, ele poderá ser
visto na Europa novamente no início de dezembro: primeiramente no leste,
pouco antes do nascer do sol; e a partir de meados do mês no firmamento
noturno, a noroeste. Com sorte, ele será o cometa mais brilhante
observado no Hemisfério Norte, desde o Hale-Bopp, em 1997.
No Brasil, o brilho do Ison já era observado no céu
noturno, e, depois de passar perto do Sol, ele voltará a ficar visível a
partir do dia 13 de dezembro, principalmente nas regiões Norte e
Nordeste. O melhor momento para observá-lo é a partir das 4h.
E quanto mais próximo do Sol, mais longe da Terra: no
dia 27 de dezembro o cometa estará a uma distância de 64 milhões de
quilômetros do nosso planeta.
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