Recife - O quadro é de desolação no semiárido nordestino, que enfrenta a
pior seca dos últimos 30 anos - desde a dificuldade de água para beber à
destruição de plantações e perda de animais. São 525 municípios em
estado de emergência.
Em Pernambuco, são 70 os municípios que
vivenciam problemas já expressos em alguns números da Secretaria
Estadual de Agricultura: na maioria desta área a redução das chuvas foi
em média de 75% - chegando até 92% em alguns - e a maioria dos açudes
localizados no sertão está com 30% da sua capacidade. A falta de chuva
provocou a perda de 370 mil toneladas de grãos. Nos cem primeiros dias
deste ano, o número de animais vendidos para fora do Estado é 73% maior
que o do mesmo período do ano passado.
"Os criadores, a
maioria deles pequenos, estão se desfazendo dos seus animais porque
falta ração, falta capim, falta sorgo", afirma o secretário estadual de
Agricultura e presidente do Comitê Integrado de Combate à Seca de
Pernambuco, Ranílson Ramos, que prevê dificuldade de recomposição do
rebanho depois da estiagem, já que as fêmeas de boa linhagem têm sido
comercializadas para o Pará e Maranhão.
Nem todos os
criadores, no entanto, têm a sorte de conseguir vender seus animais. "É
uma tristeza a gente ver os agricultores de pequenos sítios da área
rural de Águas Belas pegarem seus bichos já muito magros para levar para
as feiras na cidade e voltarem para casa com os mesmos animais",
afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Águas
Belas, no sertão pernambucano, André de Santana Paixão. Com 33 anos,
André só se lembra de ter visto secas tão fortes em 1983 e em 1998.
Ele
reforça o que diz o governo: pelo menos por enquanto a população
atingida pela seca não passa fome. "Passa necessidade", afirma ele. O
Bolsa Família chega para 850 mil famílias no agreste e no sertão. Os
carros pipas - única fonte de abastecimento d'água - voltaram a povoar a
região semiárida. Ranílson Ramos afirma que o Estado precisa de 1,5 mil
deles para atender as comunidades afetadas pela falta d'água. Por
enquanto, são 1,1 mil rodando pela região - 600 deles do governo
estadual e o restante do Exército e de prefeituras.
Os
recursos anunciados pelo governo federal para minorar a agonia dos que
vivem no semiárido nordestino - de liberação de crédito ao Bolsa
Estiagem - ainda não se concretizaram. Organizados pela Federação dos
Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), sindicatos têm
mobilizado pequenos agricultores em protestos exigindo rapidez na
efetivação das medidas e a participação da sociedade civil nos comitês
de combate à seca.
Fonte: Portal Uol
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