Ameaçado, deputado estadual Marcelo Freixo deixa o país amanhã
MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
DO RIO
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) deixa o Rio amanhã com sua
família para um período de reuniões com representantes da Anistia
Internacional, na Europa. O local e o período não são revelados.
Na tarde de hoje, Freixo escreveu em seu Twitter que ficará menos de um
mês no exterior. "Minha saída é curta. Voltarei logo. É apenas um
período necessário para ajustes na minha segurança. Fico menos de um
mês", garante.
Marcelo Freixo afirma que recebeu sete denúncias de ameaças à sua vida
durante o último mês. "As denúncias se intensificaram após a morte da
juíza Patrícia Acioli", diz. A juíza foi morta com 21 tiros quando
chegava em casa, em Piratininga, bairro de Niterói, na região
metropolitana do Rio, em agosto.
Freixo espera que a sua saída possa mobilizar o Estado a combater as
milícias: "Não adianta apenas prender. Isso é importante, mas é preciso
tirar o braço econômico e territorial desses grupos".
A Secretaria de Segurança Pública do Rio informa que, em quatro anos,
598 pessoas foram presas no Estado por envolvimento com milícias.
CPI DAS MILÍCIAS
Marcelo Freixo presidiu, em 2008, a CPI das Milícias, que indiciou 225
pessoas, entre policiais civis, militares, bombeiros e agentes
penitenciários. Os relatórios produzidos pela CPI auxiliaram as polícias
Civil e Federal em investigações que levaram boa parte destes
indiciados para a prisão.
Segundo Freixo, as ameaças não devem ser encaradas como um problema
pessoal, mas sim como de toda a sociedade. Ele lembrou do assassinato da
juíza Patrícia Acioli, morta por policiais militares integrantes de
milícias que atuam no Grande Rio, em agosto deste ano.
"Esse é um problema de todo o Rio de Janeiro. Aliás, é um problema
nacional. Até que ponto nossas autoridades vão continuar empurrando com a
barriga. Ou a gente enfrenta e faz agora esse dever de casa contra as
milícias ou, como mataram uma juíza, vão matar um deputado, promotores,
jornalistas. E, se esses grupos criminosos são capazes de matar uma
juíza e ameaçar um deputado, o que eles não fazem com a população que
vive na área em que eles dominam", disse.
De acordo com o deputado, apesar das dezenas de prisões feitas depois da
CPI das Milícias, esses grupos criminosos estão cada vez mais fortes e
dominam várias comunidades do estado, onde extorquem dinheiro de
moradores e de comerciantes e controlam atividades como transporte
alternativo, venda de gás e de ligações clandestinas de TV a cabo.
Fonte: Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário