segunda-feira, 31 de outubro de 2011

POLÍTICA

Ameaçado, deputado estadual Marcelo Freixo deixa o país amanhã


MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) deixa o Rio amanhã com sua família para um período de reuniões com representantes da Anistia Internacional, na Europa. O local e o período não são revelados.
Na tarde de hoje, Freixo escreveu em seu Twitter que ficará menos de um mês no exterior. "Minha saída é curta. Voltarei logo. É apenas um período necessário para ajustes na minha segurança. Fico menos de um mês", garante.
Marcelo Freixo afirma que recebeu sete denúncias de ameaças à sua vida durante o último mês. "As denúncias se intensificaram após a morte da juíza Patrícia Acioli", diz. A juíza foi morta com 21 tiros quando chegava em casa, em Piratininga, bairro de Niterói, na região metropolitana do Rio, em agosto.
Freixo espera que a sua saída possa mobilizar o Estado a combater as milícias: "Não adianta apenas prender. Isso é importante, mas é preciso tirar o braço econômico e territorial desses grupos".
A Secretaria de Segurança Pública do Rio informa que, em quatro anos, 598 pessoas foram presas no Estado por envolvimento com milícias.
CPI DAS MILÍCIAS
Marcelo Freixo presidiu, em 2008, a CPI das Milícias, que indiciou 225 pessoas, entre policiais civis, militares, bombeiros e agentes penitenciários. Os relatórios produzidos pela CPI auxiliaram as polícias Civil e Federal em investigações que levaram boa parte destes indiciados para a prisão.
Segundo Freixo, as ameaças não devem ser encaradas como um problema pessoal, mas sim como de toda a sociedade. Ele lembrou do assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta por policiais militares integrantes de milícias que atuam no Grande Rio, em agosto deste ano.
"Esse é um problema de todo o Rio de Janeiro. Aliás, é um problema nacional. Até que ponto nossas autoridades vão continuar empurrando com a barriga. Ou a gente enfrenta e faz agora esse dever de casa contra as milícias ou, como mataram uma juíza, vão matar um deputado, promotores, jornalistas. E, se esses grupos criminosos são capazes de matar uma juíza e ameaçar um deputado, o que eles não fazem com a população que vive na área em que eles dominam", disse.
De acordo com o deputado, apesar das dezenas de prisões feitas depois da CPI das Milícias, esses grupos criminosos estão cada vez mais fortes e dominam várias comunidades do estado, onde extorquem dinheiro de moradores e de comerciantes e controlam atividades como transporte alternativo, venda de gás e de ligações clandestinas de TV a cabo. 
Fonte: Folha de São Paulo

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